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02/09/2014
O 'Caminhão da Esperança' chegou no Haiti
Ao abrir aquele container lotado de coisas, fomos rapidamente fazendo um mutirão, foram horas descarregando tudo.... estávamos exaustos, mas a festa e a alegria em nossa comunidade era maior...
Amados irmãos e irmãs em Cristo, paz e bem!

É com grande alegria no coração que venho partilhar minha primeira semana aqui no Haiti. E quero começa justamente falando daquela quinta-feira (28/08) marcante, quando completou exatamente uma semana da chegada aqui.

Cheguei no Haiti quinta-feira (21/08) às 15h (local), hora da Providência, e uma semana depois, quinta-feira (28/08) às 15h, vimos pela primeira vez o caminhão com o Container chegando. É difícil descrever a alegria na hora em que avistei aquele caminhão, parecia uma criança quando vê alguém trazendo um presente, logo quis tirar uma foto, mesmo ele longe, pois queria marcar, registrar aquele momento tão especial. Mas por que tanta alegria?
Era o “Caminhão da Esperança”.

Sim, assim podemos chamar, pois dentro dele estava todo Amor de um povo abençoado por Deus, que não mede esforços para aliviar o sofrimento alheio, levar alento aos seus irmãos e irmãs que não conhecem, não sabem nome, idade, religião, etc... mas em Cristo são um só Corpo e um só Espírito.

Dentro dele estavam 30 toneladas de esforço e dedicação do povo brasileiro: alimentos, roupas, equipamentos para padaria e ambulatório médico, utensílios domésticos, materiais de higiene, violões e uma imagem em cimento de São Francisco de Assis. A alegria se dava também porque foram meses para que fosse liberado o container para nós (burocracia …. para não dizer outras coisas que ocorrem nos bastidores).
Me recordo nesse momento o elogio que são Paulo fez a Igreja da Macedônia que em suas possibilidades socorreram a Igreja de Jerusalém que passava penúria (cf. 2 Cor 8,1-15).

Ao abrir aquele container lotado de coisas, fomos rapidamente fazendo um mutirão, foram horas descarregando tudo.... estávamos exaustos, mas a festa e a alegria em nossa comunidade era maior, até os jovens e crianças do coral acabaram entrando na dança, ajudado como podiam.

Esses dias aqui tem feito eu pensar que a realidade vivida por esse povo é indescritível, não existe foto, ou vídeo que possam descrever com exatidão o sofrimento e a dificuldade diária de uma extensa maioria da população. Nisso a alegria com tudo que chegou do Brasil. As crianças se aproximam agora de mim e baixinho falam, “frei me dá uma sandália?”, olhando os pés deles vemos chinelos rasgados, sapatos maiores que os pés ou então totalmente estourados... muitos usam os uniformes das escolas e projetos de Jaci-SP, nisso vemos que sobrevivem das doações que chegaram ano passado.

Mas esse povo é acolhedor, cada dia que passa as crianças e jovens se aproximam mais de mim. Os jovens se esforçam para que eu aprenda o criolo, e nisso tem me ajudado muito, assim como a minha comunidade (frei Gabriel e postulantes haitianos). As crianças que antes ficavam meio ressabiadas, e distantes, agora correm, falam, brincam, a ponto de ter que dizer: TALE, M'AP BOUQUET (espera, estou cansado).

Mas essa distância inicial é compreensível para mim depois de dez dia aqui: eu sou o único branco que existe na redondeza (tirando as irmãs do colégio). Às vezes flagro as pessoas me olhando fixamente, então me recordo que sou um “branco” no meio deles. As crianças chegam, passam a mão, pegam no pelo do meu braço, puxam e alisam o meu cabelo (o pouco que resta), olham as veias em minha mão e braço, para eles é novidade. 

Em tudo isso vejo a manifestação de carinho. A carência é tanta que hoje quando chego perto elas correm e disputam um espaço em meu hábito, me abraçam, circundam minhas pernas, querem que as segure no colo, que brinque com elas. É uma imensa alegria saber que aqui, nesse espaço sagrado de nossa missão, elas estão seguras, no mínimo da dignidade humana: ALIMENTO E ATENÇÃO.

Hoje no final da tarde, o frei Gabriel me proporcionou a experiência que faltava para partilha desses 10 dias. Fomos entregar uma cesta básica vindo nesse container para uma família com um bebê de 15 dias. Foi a primeira vez que entrei num barraco aqui. A cena é indescritível. Uma família de 11 filhos, morando num espaço de 3x5 metros, de lata furada, chão batido, e a “varanda”coberta com sacos e panos velhos. A cama: um colchão de casal e pedaços de colchão, todos no chão, elevados por tijolos e tábuas... o bebê tinha como berço uma bacia de plástico forrada com panos. 

As crianças foram as que ficaram mais felizes e alvoroçadas e me perguntavam se tinha bolacha na cesta... o pai com os pés descalços, mostravam marcas de que pouco viam calçado, a mãe, magra, amamentando a criança nem parecia que estava com bebe de poucas semanas. Mas a alegria e a acolhida superam toda dificuldade.
Tenho muito mais para partilhar, são poucos dias, mas sinto-me em casa, como se já estivesse aqui há muito tempo. A falta de habilidade com a língua que me faz perceber que não. Apesar que tenho conseguido bons progressos, mas isso fica para outra partilha.

Agradeço pela paciência em ler essa partilha.

Termino louvando e agradecendo a Deus por tantos benefícios recebidos nesses dias aqui, mas principalmente quero rogar uma bênção especial a todos que de uma forma ou de outra fizeram o “Caminhão da Esperança” chegar aqui. 

Deus os abençoe.
Forte e fraterno abraço, e um beijo no coração.

Frei Afonso Lamberti Obici, fnpd

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